É provável que você já tenha visto aquelas placas em indústrias que dizem “estamos a X dias sem acidentes”. Mas não são só os colaboradores de grandes fábricas que estão suscetíveis a acidentes de trabalho e doenças ocupacionais.
Só em 2022, o INSS recebeu mais de 612 mil notificações de acidentes de trabalho, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Dessas, 2,5 mil resultaram em óbitos.
A segurança e saúde dos trabalhadores deve ser uma das prioridades dos gestores de pessoas. E, por isso, é importante compreender o que são essas doenças ocupacionais e como preveni-las, garantindo maior qualidade de vida para os colaboradores e maior eficiência nos processos internos.
Preparamos um artigo para que você saiba como prevenir doenças ocupacionais. Confira agora!
O que são doenças ocupacionais?
Segundo a legislação brasileira (Lei 8.213 de 1991) são consideradas doenças ocupacionais ou doenças de trabalho aquelas enfermidades causadas ou desencadeadas pelo exercício de determinada atividade no âmbito profissional, ou seja, durante a execução do trabalho.
Quais são as principais doenças ocupacionais?
As doenças de trabalho podem acontecer por diversos motivos: falta de equipamentos adequados, uso inadequado dos equipamentos de proteção individual (EPIs), condições do ambiente e outros. Algumas das principais doenças ocupacionais são:
Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)
As LERs são doenças que atingem os ligamentos musculares e estão relacionadas à realização de atividades repetitivas, podendo ou não ter relação com a ocupação profissional.
Por isso, foi criado o termo DORT, para explicar que a lesão é decorrente de alguma atividade profissional desempenhada pela pessoa.
Atividades repetitivas e contínuas como digitar, dirigir por longas horas, costurar, dentre outras, podem ocasionar a DORT, que pode ser agravada por alguns fatores como levantamento de pesos, postura incorreta e outros.
As doenças que compõem esse grupo são: bursite, tendinite, tenossinovite, dedo em gatilho, mialgias dentre outras.
Doenças respiratórias
Profissionais que trabalham com materiais que soltam micropartículas, como indústrias, mineração e construção civil, se não estiverem devidamente equipados com os EPIs adequados, podem ficar expostos a doenças no trato respiratório, como asma ou antracose pulmonar.
A antracose pulmonar é uma lesão no pulmão, causada quando a pessoa inala pequenas partículas de poeira ou carvão que ficam alojadas ao longo do sistema respiratório.
Perda auditiva
Os ouvidos humanos são bastante sensíveis e a perda auditiva infelizmente é uma doença ocupacional bastante comum. Profissionais que ficam expostos ao longo de muitas horas a ruídos podem sofrer uma perda gradativa da audição e muitas vezes de forma imperceptível.
Para trabalhadores de indústrias, construção civil e até operadores de transporte, o uso de EPIs é fundamental para evitar os danos da exposição aos ruídos. Entretanto, em outras ocupações, como operadores de telemarketing não é possível isolar o trabalhador do ruído e por isso é importante que se faça um acompanhamento com regularidade.
Problemas de coluna
Que atire a primeira pedra aquele que nunca sentiu dores nas costas! As dores na coluna se tornaram frequentes nos adultos e até crianças das gerações atuais. Isso se deve ao nosso estilo de vida, cada vez mais sedentário e à forma como nos relacionamos com a tecnologia.
E isso também se reflete como uma doença ocupacional. É comum que profissionais que passam muito tempo sentados fiquem boa parte desse tempo em posturas inadequadas. Por isso, é importante que a empresa ofereça equipamentos ergonômicos e, mais do que isso, que incentive os colaboradores a fazer pausas e exercícios laborais.
Intoxicações e contaminações
Em algumas atividades, é comum que os trabalhadores tenham de lidar com resíduos tóxicos e substâncias químicas. Nesses casos, o cuidado deve ser redobrado. Intoxicações e contaminações podem ter sérias complicações, inclusive levando o colaborador a óbito.
É fundamental que, no desenvolvimento de atividades em que o trabalhador fique exposto a esses riscos, os EPIs sejam oferecidos e usados adequadamente, evitando que o colaborador tenha contato com essas substâncias.
Cânceres
Um outro risco aos quais os trabalhadores que trabalham com resíduos tóxicos podem ficar expostos é ao câncer como uma doença ocupacional. A manipulação de algumas substâncias, sem o equipamento correto, pode não trazer um malefício a curto prazo, entretanto, com a exposição frequente o colaborador pode vir a adoecer.
O câncer é uma das doenças ocupacionais mais graves e preocupantes e por isso é imprescindível que a empresa ofereça os EPIs adequados e faça uma fiscalização e conscientização sobre o uso dos equipamentos.
Doenças psicossociais
Além do câncer, outras doenças ocupacionais que começam de maneira silenciosa são as doenças psicossociais, que no caso são aquelas que afetam a saúde mental do colaborador, como, por exemplo, ansiedade, depressão, e que podem culminar até mesmo numa síndrome de burnout.
Não existe um EPI para evitar essas doenças, por isso a melhor forma de fazê-lo é ter uma gestão de pessoas eficiente, que consiga manter o ambiente corporativo saudável. Excesso de horas extras, pressão excessiva e desentendimentos frequentes podem desencadear um processo de adoecimento mental do colaborador e levá-lo ao afastamento.
Quais doenças não são consideradas doenças ocupacionais?
A legislação também prevê doenças que não são consideradas ocupacionais, são elas:
- doenças degenerativas;
- doenças específicas por idade;
- doenças que não prejudiquem o trabalhador no exercício de suas funções;
- doenças endêmicas de determinadas regiões (exceto em situações em que a exposição à doença foi provocada pela natureza do trabalho).
Como diagnosticar uma doença ocupacional?
O diagnóstico de doenças ocupacionais deve ser sempre feito por um médico especializado, que fará as perguntas adequadas para compreender as queixas e as atividades executadas pelo paciente, e ainda realizará os testes pertinentes para a confirmação do diagnóstico.
Como prevenir doenças ocupacionais?
A prevenção de doenças ocupacionais muitas vezes pode ser feita de forma relativamente simples, com o fornecimento dos equipamentos de proteção adequados e instrução de uso correto, além da fiscalização e conscientização da equipe sobre a importância de utilizar os materiais fornecidos corretamente.
Além disso, é indispensável que os times de gestão de pessoas estejam sempre atentos ao bem-estar dos funcionários, já que nem sempre existem equipamentos que possam auxiliar na prevenção.
Acompanhe nosso blog sobre saúde e segurança do trabalho
Para ler outros artigos sobre saúde ocupacional, acesse o blog do Quírons.